Tweetar FINEZA de MOÇA: Moda para mulheres reais

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Moda para mulheres reais

A reportagem de capa do Correio Braziliense mostra a realidade das consumidoras de moda que têm dificuldades em encontrar roupas do seu tamanho

Elas passam longe das araras com manequim 36, são maioria no Brasil, mas ainda têm dificuldade em encontrar roupas que se encaixem perfeitamente aos seus corpos curvilíneos. Aos poucos, porém, a indústria de confecção vêm descobrindo - e valorizando - as chamadas consumidoras plus size

"Tenho problema com a nomenclatura das coisas. Não visto um ‘tamanho especial’. A sensação que tenho na hora de comprar roupas é que tenho três braços. Mas, na verdade, só visto 46.”
A constatação acima, cheia de bom senso e uma dose de indignação, é da bela atriz Luiza Guimarães, 29 anos. que nunca vestiu manequim pequeno.  As marcas que fazem modelos considerados GG denominam as peças que Luiza usa como “plus size” ou “tamanhos especiais”.
Ela se incomoda com a ideia de vestir números supostamente considerados exceções no mundo dos perfeitos.
Ela quer usar 46 e pronto. Sem julgamentos. Não gosta de ser considerada diferente, uma pessoa gigante que precisa garimpar muito para achar algo legal que lhe sirva. Como ela, milhares de mulheres brigam para se livrar dos rótulos, querem apenas ser incluídas na grade básica da produção da moda.

 A população brasileira está maior. Ganhou peso e altura ao longo dos anos. “Você não vê mais aqueles corpos magros da década de 1970. Quem não está acima do peso, é mais alto ou tem o corpo mais malhado”, avalia Ângela Vieira, coordenadora do EnModa e gerente de inovação do Carreira Fashion.
São apenas mulheres reais: algumas com muito seio ou ombros largos; outras donas de cinturas finas e quadril avantajado. Todas elas exibem belezas singulares e pedem roupas pensadas para vários tipos de corpo.



 A pesquisa Mulheres Plus Size — Mídia e Moda, apresentada em dezembro de 2011 pela especialista em moda e criação da Faculdade Santa Marcelina Vanessa Schneider Santos, reforça o que já se ouve com frequência. “Um dos grandes dilemas de quem está acima do peso é a dificuldade de encontrar roupas que lhe caiam bem e tenha um design apropriado. Elas querem encontrar numerações maiores em todas as lojas comuns ao público e não apenas em algumas especializadas”, diz a pesquisadora. O objetivo do estudo era justamente mostrar como a mídia estabeleceu um padrão quase inatingível de beleza magra e como a mulher real não se identifica com o que é visto nas páginas da revista. Por isso, a ideia foi mostrar que, para atender a esse perfil, são necessários criar novos conceitos e desenvolver roupas adequadas.

Um negócio promissor
Se os números apontam o aumento das medidas das brasileiras e elas reclamam que querem comprar mais, por que o mercado ainda não oferece nas suas araras peças que acomodem as coxas grossas e os bumbuns empinados das brasileiras? Para Raquel Valente, coordenadora do curso de moda da Faculdade Santa Marcelina, ainda faltam muitos passos a serem dados até que isso aconteça. O medo de associar a marca ao corpo acima do peso provoca certa resistência de quem produz as roupas. “Existe uma fantasia dos donos em serem estilistas famosos. Só gente como Alexandre Herchcovitch pode fazer moda apenas para a passarela. O mercado precisa se adaptar às novas medidas”, considera.
Outra questão apontada pelos especialistas é o desconhecimento de como fazer roupa bonita e que vista bem para quem usa acima do 44. “Normalmente, as roupas plus size não apresentam nenhuma informação de moda. São apenas peças de roupa sem preocupação estética, sem conceituação e até desprovida de conforto. A escolha das matérias-primas são sempre da pior qualidade, principalmente os tecidos sintéticos”, avaliou Vanessa Schneider, na sua pesquisa Mulheres Plus Size — Mídia e Moda.



 De olho nas curvasFamosas redes de lojas também investem nas curvas das brasileiras. Nos últimos dois anos, muitas desenvolveram coleções específicas para quem veste numeração maior. A Renner, por exemplo, lançou em outubro de 2010 uma linha plus size, em tamanhos que vão do 48 ao 54. Já a C&A não divulgou com veemência a coleção Special for You, que traz modelos acima do tamanho 44, mas ela está lá, para as mulheres que não vestem 38.
Também atenta às particularidades da consumidora. A Levi’s tirou as medidas de mais de 65 mil mulheres em todo o mundo para desenvolver calças que se adaptem perfeitamente aos corpos considerados mais comuns. Eles chegaram assim a quatro modelos de jeans: Slight, Demi, Bold e Supreme. Para escolher o mais adequado, a mulher deve medir a cintura e os quadris. Com a tabela da Levi’s nas mãos, é só fazer a matemática e descobrir a que melhor modelo vai se encaixar. “É uma questão de curva, não de tamanho”, explica a marca.

Na busca pela roupa que caia perfeitamente no corpo, a lingerie é peça essencial. Elas pode aumentar ou diminuir o seio, eliminar um pneuzinho e levantar o bumbum, por exemplo. Por isso, encontrar a calcinha e o sutiã certos é de extrema importância. Na loja Loungerie, recém-inaugurada em Brasília, a cliente é atendida por uma vendedora com uma fita métrica. Ali, calcinha e sutiã são comprados separadamente. “Cada mulher é única e tem suas próprias medidas. O uso de sutiãs que respeitem o corpo de cada mulher, com tamanho certo nas costas e nos seios, aliado ao uso do bojo mais adequado a cada tipo físico valorizam o colo”, afirma Sandro Fernandes, CO da marca, que oferece peças na numeração 40 a 52 (medida das costas) e taças A a E (tamanho dos seios), além de oito tipos de bojos.
O mesmo diferencial é a aposta da Duloren, que em 2011 começou a investir no mercado plus size. No catálogo, as calcinhas ganharam versão extragrande e os sutiãs estão disponíveis até o tamanho 54. Outra novidade é o uso do tecido “sensual curves”, importado da Europa. O material tem duas vezes mais elastano na composição, permitindo maior compressão e melhor definição das curvas. Fora isso, as modelagens e os recortes também estarão mais modernos e ousados.
“Antigamente, os modelos maiores de calcinha e sutiã eram muito sem graça, tanto em relação a cores e estampas como à própria modelagem. Quem disse que precisa ser assim? Por isso, investimos em peças com apelo fashion e mais sensual. Queremos que todas as mulheres se sintam sexy”, garante a diretora de marketing e estilo da Duloren, Denise Areal.


Confira a matéria completa: Correio Braziliense

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